Fonte: Sociedade Brasileira de Urologia - São Paulo
Prostatite é uma doença inflamatória da próstata que afeta homens adultos e, mais raramente, meninos pré-adolescentes. Existem diferentes tipos de prostatite e ela pode apresentar diferentes conjuntos de sintomas, cada um com causas, manifestações e seqüelas próprias.
A próstata é o órgão do aparelho reprodutor masculino responsável, principalmente, por produzir o líquido ejaculatório. Ela tem o tamanho e o formato de uma noz e fica embaixo da bexiga e atrás do reto, envolvendo uma porção da uretra, a estrutura que leva a urina da bexiga através do pênis.
Prostatite bacteriana crônica e aguda. As prostatites bacterianas crônica e aguda são sempre causadas por uma infecção bacteriana na próstata e está relacionada a infecções do trato urinário (infecções urinárias).
A prostatite bacteriana aguda é uma doença febril com início repentino e que apresenta sintomas gerais e do sistema urinário bastante marcantes.
A prostatite bacteriana crônica evolui de modo mais lento e é caracterizada por infecção urinária de difícil tratamento; a infecção é causada pela permanência da bactéria causadora da doença no líquido produzido pela próstata, apesar do tratamento com antibióticos.
A prostatite bacteriana é mais comumente causada por uma bactéria chamada Escherichia Coli, que também é responsável por muitas infecções urinárias. Outras bactérias menos comuns são: Proteus, Klebsiella, Enterobacter, Pseudomonas e Serratia. A maioria das infecções da próstata é causada por apenas um microorganismo, mas pode haver dois ou mais tipos de bactérias ao mesmo tempo. Acredita-se também que uma bactéria chamada Enterococcus fecalis possa causar a prostatite bacteriana crônica.
A prostatite bacteriana se desenvolve a partir da ascensão de uma infecção localizada mais abaixo – na uretra – ou pelo refluxo de urina infectada para os ductos prostáticos (parte da próstata) que se comunicam com a porção mais posterior da uretra. Outras possíveis causas de infecção são: bactérias que habitam o reto (e chegam à próstata diretamente ou através dos nódulos linfáticos) e bactérias que chegam diretamente pela corrente sanguínea (que irriga a próstata).
A prostatite não bacteriana e a prostatodinia (ou síndrome da dor pélvica crônica) são os tipos mais comuns de prostatite. Estas doenças ocorrem em pacientes que apresentam uma inflamação na próstata, sem, no entanto, terem histórico de infecções do trato urinário por bactérias. A causa da prostatite não bacteriana e da prostatodinia ainda não é totalmente conhecida, mas os sintomas levam a crer que seja uma infecção por microorganismos ainda não identificados ou que ela seja uma doença não infecciosa. Acredita-se também que, com o refluxo da urina, a própria urina possa afetar a próstata, causando tanto a prostatite não bacteriana quanto a prostatodinia.
Na prostatite bacteriana aguda, os sintomas são febre alta e repentina, mal-estar geral, calafrios, dores nas costas, nos músculos, nas articulações e no períneo; há dor ao urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia e durante a noite e urgência miccional (vontade de urinar difícil de segurar). Há também uma dificuldade em esvaziar completamente a bexiga.
A prostatite bacteriana aguda pode, eventualmente, levar à formação de abscesso prostático. A maioria dos casos de abscesso prostático ocorre em homens na faixa dos 50 a 70 anos. Uma vez que o abscesso é diagnosticado, o tratamento consiste em antibióticos e em drenagem adequada do abscesso. A maioria dos abscessos prostáticos é curada sem recorrências ou seqüelas graves quando o diagnóstico e o tratamento são adequados.
Na prostatite bacteriana crônica, os sintomas são parecidos, mas, sem febre. Ocorre dor ao urinar, necessidade de urinar mais vezes, principalmente à noite; os pacientes sentem dores nas costas (regiões baixas), no períneo e nos genitais. Podem ocorrer dores após a ejaculação e saída de sangue no esperma.
Na prostatite não bacteriana e na prostatodinia, os sintomas mais comuns são: dor ao urinar, dificuldade em esvaziar a bexiga, urgência miccional, aumento da necessidade de urinar (de dia e à noite) dor no púbis, no escroto, nas costas e na extremidade da uretra (orifício por onde sai à urina), jato urinário mais fraco e dificuldade em manter o jato contínuo.
Através do histórico e exame clínico, incluindo eventualmente o toque retal pode-se julgar a necessidade de exames complementares, incluindo exames de sangue, ultrassonografia, ressonância Magnética e/ou biópsia.
O tratamento varia de acordo com o tipo de prostatite.
Na prostatite bacteriana aguda, o tratamento é feito à base de antibióticos por, no mínimo, 14 dias. Dois tipos de pacientes necessitam de internação: os que tiverem que fazer o tratamento por via endovenosa e os que apresentarem obstrução intensa da urina.
Na prostatite bacteriana crônica, o tratamento com antibióticos é mais longo: 3 a 12 semanas. Aproximadamente, 75% dos pacientes melhoram com este tratamento; às vezes, os sintomas voltam e um tratamento com antibióticos é necessário outra vez. Para os casos em que a doença não responde ao tratamento, um tratamento em longo prazo, com baixas doses de antibióticos, alivia os sintomas. Em raros casos, a cirurgia da uretra e da próstata é recomendada.
Na prostatite não bacteriana e na prostatodinia, os pacientes podem não precisar de antibióticos. Entretanto, os antibióticos devem ser prescritos de início, por dois motivos: a dificuldade de diferenciar a prostatite bacteriana da não bacteriana e porque pode haver alguma bactéria difícil de diagnosticar causando a doença. A resposta do paciente ao tratamento com antibióticos vai definir se o tratamento será levado ou frente ou interrompido. Muitos pacientes sem uma infecção verdadeira respondem bem a antibióticos porque muitos destes medicamentos têm efeitos antiinflamatórios. Dependendo dos sintomas, o paciente pode receber uma variedade tratamentos (bloqueadores alfa-adrenérgicos, relaxantes musculares, extratos vegetais) para relaxar e diminuir a próstata, a fim de reduzir a obstrução da urina; massagens prostáticas podem ser utilizadas para drenar o conteúdo da próstata.
Prostatite Gonocócica – A incidência de doenças sexualmente transmissíveis causadas pela Neisseria gonorrhoeae (causador da gonorréia) ainda é alta ao redor do mundo. Apesar de ser um fato raro, esta bactéria pode chegar a infectar a próstata. Acredita-se que a bactéria invade a próstata durante a infecção uretral (gonorréia).
Prostatite Tuberculosa – A prostatite causada pela bactéria da tuberculose (Mycobacterium tuberculosis) pode aparecer como uma seqüela rara da tuberculose; o diagnóstico é feito quando esta bactéria é encontrada no líquido prostático.
Prostatite Micótica – Ocasionalmente, pode ocorrer a prostatite causada por fungos causadores de micoses sistêmicas (que atingem todo o organismo).
Prostatite Granulomatosa Não Específica – Esta prostatite ocorre em duas formas diferentes: variedade eosinofílica e variedade não eosinofílica.
Variedade Não Eosinofílica: aparentemente, é uma reação do organismo contra algum líquido prostático extravasado.
Variedade Eosinofílica: ocorre quase exclusivamente em pacientes com alergias, especialmente nos asmáticos. Geralmente, os pacientes afetados apresentam febre alta; como a próstata fica aumentada e endurecida, ocorre, freqüentemente, obstrução total da urina.
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